...Tudo começa assim: Farto da Suíça e da monotonia daquele país cada vez mais rico cada vez mais triste a minha relação com a minha esposa e os meus filhos afundou num charco pestilento refugiei definitivamente no álcool… O escritor espanhol Lope de Vega uma vez disse: “De mi soledades vengo, a mi soledades me voi...” Pior do que a morte é a solidão e o vazio que indescritivelmente o homem sente na alma e não existe remédio algum que o cura... Peregrinei pelo uísque do pólo norte até o pólo sul cada vez mais me senti perdido. Fiz desintoxicações tentei ioga fui a um psiquiatra caríssimo tudo em vão!... Havia algo no meu ser um tremendo cancro comendo lentamente a minha alma… Desisti de trabalhar e, como já tinha ganho a vida construindo casas e estádios de futebol… (Ajudaste-me a construir um estádio António lembras?...) Tinha dinheiro para comprar uma fábrica de bebidas e encher a cara até submergir definitivamente no poço das trevas... Ana minha mulher que já não aguentava as minhas depressões e bebedeiras foi para a Bretanha sua terra natal e, os meus filhos fartos de mim abandonaram o barco. Com as suas vidas garantidas foram todos embora. – “Cria corvos e eles furam-te os olhos sem piedade” ... O culminar da desgraça foi quando recebi uma chamada telefónica duma parente da Ana dizendo que ela tinha morrido num acidente de viação numa auto-estrada quando dirigia para a casa numa noite de nevoeiro intenso tipicamente daquela fria e chuvosa província francesa. – “Não quero saber os detalhes” - disse a pessoa que tinha ligado para dar-me a terrível noticia. - “Não!... Não vou ao funeral… A Ana que eu conhecia para mim já não existe… Aquilo que poderá estar no sarcófago é apenas um corpo inerte que brevemente entrará em estado de decomposição!” – Chocado com as minhas palavras a pessoa antes de desligar o telefone furiosamente aproveita para gritar-me: – “Salop, fils de pute”. – Não liguei desliguei o aparelho abri uma garrafa de whisky acendi a TV casualmente comecei a ver um programa no canal Odisseia sobre a cidade de Varanasi lugar onde as pessoas vão ao sagrado Ganges banhar e purificar as suas almas… outros vão lá a espera da morte para serem depois cremados em piras de lenha… suas cinzas atiradas ao grande rio… - Com a garrafa quase vazia meio bêbado de repente fico fascinado olho o programa sobre os cépticos Hindus… - Sabes António que muitos daqueles homens abandonaram toda uma vida de riquezas e prosperidade e peregrinam pelas estradas e atalhos da Índia até chegarem a Benares onde a vida e a morte caminham cingidos eternamente ? …
– Bêbado mas flamante com aquilo que via na TV agarrei no telefone chamei para a Suissair uma mulher atendeu com palavras pesando na língua falei: “Boas senhorita. Meu nome é Roberto Hauser Soares quero reservar uma passagem para Calcutá Índia… Sim! Ouviu bem!… Calcutá!” – “Ok senhor Hauser Soares. Há um avião que parte as 23 horas de Mulhouse – Basel para Londres amanhã de manhã terá um voo directo para Calcutá! Quer?... Paga como?” – “Vou a vossa agência recolher o bilhete pago Cash!” – “ Obrigado senhor Soares até a próxima. – Desligando o telefone abri uma outra garrafa que sorvi directamente pelo gargalho e aos tombos fui para a casa de banho tomar uma duche frio e com a água deslizando pelo meu corpo flácido pensei… Maleta?... Para que! Para onde eu vou só levarei dinheiro para sobreviver e basta! Quando o dinheiro acabar que se foda!...
- Assombrado com a maluca narração de Roberto desejo continuar a leitura mas Virgínia me chama para o jantar, grito: “Aguenta mais dois minutos mulher”. – Barafustando diz, que a carne fria não sabe bem; que depois do jantar poderei reiniciar a leitura.
– Poiso as folhas lidas atravessadas no calhamaço colocando um velho peso de bronze de 5 quilos nos papéis para não voarem vou para a casa de banho lavar as mãos. Abro a torneira que jorra uma agradável agua forte e fria e, molhadas as mãos sinto um certo relaxamento. Fecho a torneira seco as gadanhas numa destas toalhas modernas com a imagem de Marlon Brando do filme Há lodo no cais dirijo-me para a sala de jantar onde a minha pequena família espera. Sento o meu traseiro na minha cadeira preferida Virgínia começa a servir ao nosso filho a seguir toca a mim iniciamos a comer um delicioso bife com molho de cebolada que é a especialidade da casa. E, como todavia resta um pouco do fantástico vinho vou busca-lo sirvo um copo pergunto a Virgínia se ela quer ela declina dizendo que vai beber agua...
Termino o saboroso jantar num ápice carrego o meu prato para a cozinha aproveito para anunciar aos meus que vou para o atelier continuar a leitura. – Ok António!... boa leitura…nós iremos mais tarde dar-te um beijo. – Tchau meus amores atè jà...
- Entrando no atelier vou directamente para a mesa retiro o peso do calhamaço e, separando as folhas já lidas das outras não lidas começo de novo a ler a estranha narração do meu amigo Roberto Hauser Soares que continua assim...
– Bêbado mas flamante com aquilo que via na TV agarrei no telefone chamei para a Suissair uma mulher atendeu com palavras pesando na língua falei: “Boas senhorita. Meu nome é Roberto Hauser Soares quero reservar uma passagem para Calcutá Índia… Sim! Ouviu bem!… Calcutá!” – “Ok senhor Hauser Soares. Há um avião que parte as 23 horas de Mulhouse – Basel para Londres amanhã de manhã terá um voo directo para Calcutá! Quer?... Paga como?” – “Vou a vossa agência recolher o bilhete pago Cash!” – “ Obrigado senhor Soares até a próxima. – Desligando o telefone abri uma outra garrafa que sorvi directamente pelo gargalho e aos tombos fui para a casa de banho tomar uma duche frio e com a água deslizando pelo meu corpo flácido pensei… Maleta?... Para que! Para onde eu vou só levarei dinheiro para sobreviver e basta! Quando o dinheiro acabar que se foda!...
- Assombrado com a maluca narração de Roberto desejo continuar a leitura mas Virgínia me chama para o jantar, grito: “Aguenta mais dois minutos mulher”. – Barafustando diz, que a carne fria não sabe bem; que depois do jantar poderei reiniciar a leitura.
– Poiso as folhas lidas atravessadas no calhamaço colocando um velho peso de bronze de 5 quilos nos papéis para não voarem vou para a casa de banho lavar as mãos. Abro a torneira que jorra uma agradável agua forte e fria e, molhadas as mãos sinto um certo relaxamento. Fecho a torneira seco as gadanhas numa destas toalhas modernas com a imagem de Marlon Brando do filme Há lodo no cais dirijo-me para a sala de jantar onde a minha pequena família espera. Sento o meu traseiro na minha cadeira preferida Virgínia começa a servir ao nosso filho a seguir toca a mim iniciamos a comer um delicioso bife com molho de cebolada que é a especialidade da casa. E, como todavia resta um pouco do fantástico vinho vou busca-lo sirvo um copo pergunto a Virgínia se ela quer ela declina dizendo que vai beber agua...
Termino o saboroso jantar num ápice carrego o meu prato para a cozinha aproveito para anunciar aos meus que vou para o atelier continuar a leitura. – Ok António!... boa leitura…nós iremos mais tarde dar-te um beijo. – Tchau meus amores atè jà...
- Entrando no atelier vou directamente para a mesa retiro o peso do calhamaço e, separando as folhas já lidas das outras não lidas começo de novo a ler a estranha narração do meu amigo Roberto Hauser Soares que continua assim...
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