9 de jan. de 2011

Faleceu Honório Lima ( Cucus de Rebera Bote)


Morreu, em Paris, depois de doença prolongada, num incêndio que ocorreu no dia primeiro de Janeiro, no prédio onde residia (42 Rue de la Roquette – Paris 75011), o nosso patrício, Honório Lima, mais conhecido por Cucuche de Ribeira Bote. Nasceu há 85 anos em São Vicente, e muito cedo começou a sua pedalada de emigrante: aos dezoito anos, emigra para Timor, onde passa quatro anos a trabalhar como carpinteiro. Numa entrevista concedida à revista Latitudes, no quadro da Independência de Timor Leste (onde deixou uma filha que não mais pode ver, embora os esforços encetados junto das organisações internacionais), descreve a sua aventura pelo mundo como cidadão caboverdiano.
De regresso de Timor fixa-se por algum tempo em São Vicente, na tentativa de criar uma pequena empresa. Impossibilitado de realizar o seu projecto, imigra para o Senegal em 1954, onde nasce o seu primeiro e único filho, Toni Lima, actualmente residente nos Estados Unidos. Em 1965, imigra para a França, passando por Marselha, Fameck e, a partir de 1969, fixa-se em Paris, no 42 Rue de la Roquette, onde recebia com muita amizade todos os patrícios recém-chegados.
Foi um grande activista social, principalmente durante o período de legalização dos trabalhadores emigrantes, sob iniciativa da Associação Solidariedade Caboverdiana, de que foi o seu tesoureiro durante muitos anos. Apoiado principalmente por Madame de Saint Michel, do Centro de Apoio aos emigrantes, conseguiu encontrar trabalho para muitas jovens caboverdianas, que puderam beneficiar da legalização de 1981. Sempre solidário e amigo, esteve sempre disposto a participar em todas as actividades da nossa comunidade, em actividades sociais, como apoios aos emigrantes em dificuldades económicas, enterros, actividades culturais e outras (políticas também, em defesa dos direitos dos emigrantes em França e pela democracia em Cabo Verde).
Com a morte de Honório Lima, a nossa comunidade perdeu um dos fundadores da comunidade caboverdiana em Paris e um dirigente associativo, solidário em todos os problemas da comunidade e que os tantos anos fora de Cabo Verde real (mais de 6O anos) somente reforçaram a sua caboverdianidade. O falecimento de Honório Lima, bem como os de Gabriel Fonseca, primeiro presidente da Associação Solidariedade Caboverdiana, e Gualdino Francês, recentemente falecidos, são sem dúvida grandes perdas para a nossa comunidade, onde o movimento associativo e as iniciativas de solidariedade emagrecem para não dizer estrangulam-se pouco a pouco.
Em nome da nossa comunidade e da sua Associação Solidariedade Caboverdiana apresentamos os nossos sentidos pêsames à sua esposa, Maria Rita Lima e ao seu filho Toni Lima.
Caboverdianamente,

Luiz Silva
Paris, Janeiro de 2011

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