24 de out. de 2010

Solitario Blues IV


...O homem estaciona o carro num bairro classe média e, vindo de nenhures na escuridão passa no céu um helicóptero num barulho infernal ele quase que desata a correr pensa que é a policia que veio naquele estranho objecto leva-lo para a prisão logo expulsa-lo do país. O casal tranquiliza-o dizendo-lhe que aquele helicóptero é dos serviços de urgência das estradas, possivelmente algures houve um acidente numa auto-estrada...

O interior da casa é chique mas de mau gosto tem vasos de porcelana que ele deduz serem de Delft. Tulipas viçosas nelas repousam. Flor que detesta mas não sabe bem porque. Quiçá pela sua banalização no país das águas e, como pensamento puxa mais pensar lembra-se também que detesta a monótona paisagem gris sem elevações. Uma porra!...Aborrecidamente plano é o agro e, as estúpidas vacas com os seus focinhos molhados pela chuva molha tolos que incessantemente cai de forma deprimente para destroçar o coração de qualquer homem dos trópicos… Passa do pensamento sobre tulipas terras planas e vacas molhadas acomoda-se numa poltrona forrada com uma fazenda veludo num padrão imitação leopardo mais uma bomba kitsch típico do novo-riquismo daquela gente. Na análise rápida que fez deu fé que o casal é gente vulgar com dinheiro mas sem classe…Que se foda o mau gosto! O importante é ter os pés quentinhos nesta horrível casa com cabeças de javalis e caramba!... Também um leopardo embalsamado todos pendurados nas paredes umas armas estranhas que devem ser troféus trazidas de uma viagem tipo safari furtivo no Quénia ou no raio que os parta?...
A gaja no entanto sem dizer palavra desliza para a casa de banho o marido vai a um imponente bar num canto da enorme sala abre uma geladeira saca um 6 pack de cervejas geladas e também uma garrafa de barro de genebra Bokma que pousa de seguida na mesa de vidro perto do canapé onde Mulato está sentado… Grande cerveja não é!... Diz o anfitrião. Abanando a cabeça em jeito de aprovação Mulato agarra numa das frescas saca a tampinha com os dentes um gesto horrível que ele gosta fazer para exibir os seus dentes brancos e fortes que todavia tem intactos na boca. O anfitrião solta um grito de pavor Mulato desata a rir logo de seguida começa uma conversa fiada. Sem mais quem diz ao branco que tem um patrício com um pau descomunal que consegue quebrar nozes de uma só cacetada com a verga… No way! Repica o homem perguntando-lhe: E você?... Também consegue fazer estes números de circo? – Não não consigo mas tenho outros dotes que você e a sua dona se quiserem podem experimentar! … Bebericando a sua cerveja de seguida Mulato manda um copo de genebra para baixo fica com os olhos cheios de água lembra das zebras e das girafas que viu atravessando a estrada… com a consciência pesando repousa o copo na mesa e, Surpresa!!!!! No mesmo instante momento entra na sala a mulher toda pelada feito Eva antes do pecado que senta a seu lado no sofá e cheira a um perfume de matar. Atónito com a cena olha para o marido da beldade interrogando-lhe com um olhar o que vem a ser aquilo. O tipo que serenamente bebe a sua genebra faz a Mulato um gesto com a mão num sinal de atacar… Caramba!... Já fiz muita sacanagem mas esta é demais!!! Pensa. Passado o espanto e com o voyeur insistindo ele tira roupa numa velocidade estonteante não sabe porque lembra do furacão Katrina começa a ver vacas voando a serem puxados por um gigantesco tornado passa-lhe também pela cabeça a empregada que fornicava quando adolescente as escondidas todas as noites depois de os pais irem para a cama…
Sem saber ler nem escrever depois de uma apatia que dura segundos em pensamentos estranhos de repente está dentro da mulher que começa a gemer e ele a mexer as ancas num ritmo alucinante e ela a gritar gritando gritando obscenidades …
Todo o filme dura uma eternidade mudam de posição vezes sem fim e, o tarado do marido como se estivesse assistindo a um partido de rugby bate palmas e diz impropérios. Insulta a mulher chamando-lhe de rameira, estas palavras excitam Mulato que também começa a chama-la nomes em crioulo coisa que já mais tinha dito a uma mulher. Algures o impotente marido da beldade fez soltar nele a besta?… sente uma certa vergonha momentânea também tristeza…

Ambos exaustos os longos actos sexuais terminam com uma certa vergonha Mulato agarra as suas roupas vai caminhando para casa de banho que a mulher lhe indica também envergonhada olhando para o chão ela de seguida entra num quarto ele sente como a mulher fecha a porta a chave. O marido como que hipnotizado segue sentado no mesmo lugar em transe com movimentos de autómato emborca genebra directamente da garrafa para a boca. Na sala um cheiro a suor e sémen e outros cheiros do corpo voam entre javalis e jaguares entre todos aqueles troféus ridículos e umas curiosas moscas que vão sentar exactamente no sítio onde o crioulo e a mulher estiveram fornicando coisa estranha moscas em pleno inverno... Na casa de banho escova o corpo com força lava como se tivesse limpando os seus pecados… mas que pecado coisa nenhuma?...Coisa de pecado anjinhos e demónios é tudo treta e, é certo que para sobreviver naquela metrópole fria já sem possibilidades de exílio politico tem que comer todas as vampiras e vampiros sedentas de sexo… e, que se foda!... Moral foi um cão obediente que morreu abatido pelos banqueiros e generais deste planeta… Se eu for fraco estou fodido pensa olhando para o seu coiso em repouso…Em voz alta feito um alienado numa ladainha esquisita repete: Sem coragem e fantasia estás feito ao bife meu amigo vai arranjando algum com estes depravados porque se fores despejado para as ilhas os teus dias estão contados…

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