14 de out. de 2010

Alfredo Margarido


Faleceu, na última terça-feira em Lisboa, vítima de um ataque cardíaco, o Professor Alfredo Margarido, de 82 anos de idade. Poeta, pintor, tradutor, crítico de arte, deixou uma obra imensa que se estende por várias disciplinas das ciências sociais e da política. Muito ligado a Cabo Verde pelo casamento com a poetisa são tomense Maria Manuela Espírito Santo Margarido, de origem caboverdiana, foi colaborador do Boletim de Cabo Verde, dirigido por Bento Levy, desde os anos cinquenta. Foi membro activo da Casa dos Estudantes do Império, onde organizou várias antologias de poesia dos países africanos de língua portuguesa, o que aliás prosseguiu em Paris onde se exilou a partir de ­ 1964. A ele se deve a divulgação em França do poema de Gabriel Mariano «Capitão Ambrosio», que ele trouxe clandestinamente de Portugal. Foi professor universitário no Centre de Recherches Africaines da Sorbonne, na École des Hautes Etudes e na Universidade de Picardia. Sobre Cabo Verde, prefaciou a edição do Folclore Cabo-Verdiano, de Pedro Monteiro Cardoso (edição da Solidariedade Caboverdiana em França, 1983), resituando Pedro Cardoso como Eugénio Tavares na história do nacionalismo caboverdiano. Publicou em Portugal na Regra do Jogo o ensaio « Estudos sobre literaturas das nações africanas de língua portuguesa » e na Universidade Lusófona «Lusofonia e lusófonos, crítica à actual política da lusofonia dos países de língua portuguesa». Participou no Colóquio sobre a Claridade em 1986, cuja comunicação foi editada recentemente em Cabo Verde. Membro fundador em Paris da revista Latitudes, nela publicou vários artigos sobre a literatura e a cultura caboverdiana. Foi recentemente homenageado pela Universidade Clássica de Lisboa e condecorado com a medalha do Vulcão pelo governo de Cabo Verde.

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