Pintura: Jasper Jones
América meu amor…
Quando me apaixonei pela América talvez tinha uns seis anos… minha mãe falecera um ano antes e, como naquele tempo eu e mana Magui não nos era permitido ir morar na casa do nosso pai (As leis pseudo morais do governo colonial fascista proibiam naquela época homens casados de registarem os chamados filhos de fora) – ficamos entregues aos cuidados de uma senhora na rua de Côco e foi nesta casa de muitas histórias que conheci Baieia um menina de tez clara oriunda da Ilha Brava que viera a São Vicente aguardar a famosa escuna Ernestina hoje um museu flutuante em Boston... barco que tantos crioulos levou para a Nova Inglaterra.
Na sua longa espera do barco dos seus sonhos Baieia menina de olhos verdes com uma pronúncia para nós estranha nós meninos de Son Cente… contava com fantasia para a rapaziada as maravilhas do país onde as calçadas eram de ouro puro e, a história de um nosso patrício soberbo que tinha ouvido dizer que na América os dólares eram aos pontapés… ao descer do barco Ernestina no porto de Boston viu uma nota de cinco dólares vindo de nenhures enrolar-lhe nos pés…Mandou um ponta pé… deixou a nota verde partir voando dizendo: Vai-te embora!... Mal cheguei já me estais chateando! – Moral da historia: – O coitado morreu na miséria nos estados unidos sem cheta…
De facto esta era a América que eu tanto gostava… A América dos mil e um sonhos! … Mais tarde foram as fascinantes viagens da NASA a chegada da Apolo 11 na lua. – Um pequeno passo para um homem um grande passo para a humanidade – Disse John Gllen – E nhô Djack de Cinema todo preocupado perguntando desesperadamente as pessoas: Mas senhores!... Quando a lua descer no horizonte onde é que aqueles homens irão parar? – Medieval pensamento do velho porteiro do Éden Park que acreditava que os astronautas iam cair no abismo…
Anos mais tarde no mesmo Cinema vi filmes fascinantes do Bucha e Estica Harold Loyd Buster Keaton os Estarolas os irmãos Max que me fizeram rir às gargalhadas. Com o tempo cresci e a percepção das coisas no meu mundo mudaram… Comecei a ver filmes de rebeldes… os índios Kutchize e Gerónimo lutando contra os colonos que ocupavam as suas terras… as maldosas mantas infestadas com varíola que dizimou os nativos americanos como moscas (talvez a primeira guerra bacteriológica?) – Não gosto desta América! – Disse naqueles dias…
- “América América quando envias os teus ovos à Índia”? – Palavras do poeta Allen Ginsberg a ferro e fogo contra a tirania do poder.– A América de Henry Miller com o seu Trópico de Câncer que foi censurado na sua própria terra de Charles Bukowski fornicando as suas mulheres banhados em álcool odiado pelos pseudo puritanos religiosos do seu país mas reconhecido na Europa Gore Vidal e o seu romance Império Tennessy Williams e o seu “Eléctrico chamado Desejo” indomável Marlon Brando Orson Wells e o seu magistral “Citizen Kane” Ottis Reading James Brown no Soul Coltrane e Milles Davis no jazz BB King e a sua guitarra Lucile Horace Silver nosso patrício tocando The Cap Verdean Blues os dripping de Jackson Pollock da gestual idade na pintura de Clyfford Still dos quadros com obejects trouves de Robert Rauchenberg da bandeira americana de Jasper Jones Marilyn Monroe AndyWarhol Martin luter King Pegui Guggenheim… Eis a América que tanto adoro…
Infelizmente existe o outro lado da moeda. – Lembro ter escrito em sinal de revolta num poema algo parecido: Viajei contigo num sonho Oppenheimer… ao chegarmos a Hirochima e Nagasaki dos teus olhos em vez de lágrimas choviam milhares de cadáveres choviam do vazio dos teus vistos… Neste mesmo sonho a funesta operação Condor… milhares de latinos americanos apodrecendo nas masmorras de ditadores cruéis operação que um tal Henry K diabolicamente engendrou tentando destruir em vão na sua paranóia os "comunistas"?... Sacco e Vanzzetti injustamente condenados sem pés nem cabeça. Negros enforcados pela Kukluksklan cantado em sinal de revolta pela inesquecível Billie Holliday na arrepiante canção Strange Fruits… Milhares de jovens americanos carne para canhão que numa guerra bestial ficaram para sempre enterrados no Vietname…Meus amigos que estiveram na guerra do golfo – Americanos que nunca mais irão curar das mazelas da guerra…esta América dos poderosos abomino!!!…
Bem hajam americanos como Spik Lee que faz filmes incríveis sonhando com uma América mais justa Claire que faz filmes sobre a história da emigração do povo crioulo actores e voluntários que ajudaram as vítimas do Kattrina na Nova-Oreleães os juízes do Supremo Tribunal que respeitam a Constituição e votaram a favor do encerramento da horrorosa prisão em Guantanamo Al Gore que anuncia de forma apocalíptica o aquecimento Global todos os americanos de diferentes credos e origens que humanamente possam contribuir para uma melhor justiça e política dentro e fora daquele imenso país – meu amor ódio…
Quando me apaixonei pela América talvez tinha uns seis anos… minha mãe falecera um ano antes e, como naquele tempo eu e mana Magui não nos era permitido ir morar na casa do nosso pai (As leis pseudo morais do governo colonial fascista proibiam naquela época homens casados de registarem os chamados filhos de fora) – ficamos entregues aos cuidados de uma senhora na rua de Côco e foi nesta casa de muitas histórias que conheci Baieia um menina de tez clara oriunda da Ilha Brava que viera a São Vicente aguardar a famosa escuna Ernestina hoje um museu flutuante em Boston... barco que tantos crioulos levou para a Nova Inglaterra.
Na sua longa espera do barco dos seus sonhos Baieia menina de olhos verdes com uma pronúncia para nós estranha nós meninos de Son Cente… contava com fantasia para a rapaziada as maravilhas do país onde as calçadas eram de ouro puro e, a história de um nosso patrício soberbo que tinha ouvido dizer que na América os dólares eram aos pontapés… ao descer do barco Ernestina no porto de Boston viu uma nota de cinco dólares vindo de nenhures enrolar-lhe nos pés…Mandou um ponta pé… deixou a nota verde partir voando dizendo: Vai-te embora!... Mal cheguei já me estais chateando! – Moral da historia: – O coitado morreu na miséria nos estados unidos sem cheta…
De facto esta era a América que eu tanto gostava… A América dos mil e um sonhos! … Mais tarde foram as fascinantes viagens da NASA a chegada da Apolo 11 na lua. – Um pequeno passo para um homem um grande passo para a humanidade – Disse John Gllen – E nhô Djack de Cinema todo preocupado perguntando desesperadamente as pessoas: Mas senhores!... Quando a lua descer no horizonte onde é que aqueles homens irão parar? – Medieval pensamento do velho porteiro do Éden Park que acreditava que os astronautas iam cair no abismo…
Anos mais tarde no mesmo Cinema vi filmes fascinantes do Bucha e Estica Harold Loyd Buster Keaton os Estarolas os irmãos Max que me fizeram rir às gargalhadas. Com o tempo cresci e a percepção das coisas no meu mundo mudaram… Comecei a ver filmes de rebeldes… os índios Kutchize e Gerónimo lutando contra os colonos que ocupavam as suas terras… as maldosas mantas infestadas com varíola que dizimou os nativos americanos como moscas (talvez a primeira guerra bacteriológica?) – Não gosto desta América! – Disse naqueles dias…
- “América América quando envias os teus ovos à Índia”? – Palavras do poeta Allen Ginsberg a ferro e fogo contra a tirania do poder.– A América de Henry Miller com o seu Trópico de Câncer que foi censurado na sua própria terra de Charles Bukowski fornicando as suas mulheres banhados em álcool odiado pelos pseudo puritanos religiosos do seu país mas reconhecido na Europa Gore Vidal e o seu romance Império Tennessy Williams e o seu “Eléctrico chamado Desejo” indomável Marlon Brando Orson Wells e o seu magistral “Citizen Kane” Ottis Reading James Brown no Soul Coltrane e Milles Davis no jazz BB King e a sua guitarra Lucile Horace Silver nosso patrício tocando The Cap Verdean Blues os dripping de Jackson Pollock da gestual idade na pintura de Clyfford Still dos quadros com obejects trouves de Robert Rauchenberg da bandeira americana de Jasper Jones Marilyn Monroe AndyWarhol Martin luter King Pegui Guggenheim… Eis a América que tanto adoro…
Infelizmente existe o outro lado da moeda. – Lembro ter escrito em sinal de revolta num poema algo parecido: Viajei contigo num sonho Oppenheimer… ao chegarmos a Hirochima e Nagasaki dos teus olhos em vez de lágrimas choviam milhares de cadáveres choviam do vazio dos teus vistos… Neste mesmo sonho a funesta operação Condor… milhares de latinos americanos apodrecendo nas masmorras de ditadores cruéis operação que um tal Henry K diabolicamente engendrou tentando destruir em vão na sua paranóia os "comunistas"?... Sacco e Vanzzetti injustamente condenados sem pés nem cabeça. Negros enforcados pela Kukluksklan cantado em sinal de revolta pela inesquecível Billie Holliday na arrepiante canção Strange Fruits… Milhares de jovens americanos carne para canhão que numa guerra bestial ficaram para sempre enterrados no Vietname…Meus amigos que estiveram na guerra do golfo – Americanos que nunca mais irão curar das mazelas da guerra…esta América dos poderosos abomino!!!…
Bem hajam americanos como Spik Lee que faz filmes incríveis sonhando com uma América mais justa Claire que faz filmes sobre a história da emigração do povo crioulo actores e voluntários que ajudaram as vítimas do Kattrina na Nova-Oreleães os juízes do Supremo Tribunal que respeitam a Constituição e votaram a favor do encerramento da horrorosa prisão em Guantanamo Al Gore que anuncia de forma apocalíptica o aquecimento Global todos os americanos de diferentes credos e origens que humanamente possam contribuir para uma melhor justiça e política dentro e fora daquele imenso país – meu amor ódio…
Que esperar de si... senhor Obama?...
2 comentários:
Adorei este teu amor-ódio, Tchalê! Mas é como tudo na vida: sempre os dois lados da moeda...
Ieng e iang dizem os chineses meu caro Fonseca.
Abraço
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