6 de jul. de 2011

O ESTOURO



O ESTOURO

Demais
Tão pouco

Tão gordo
Tão magro
Ou ninguém

Risos ou
Lágrimas

Odiosos

Amantes


Estranhos com faces
Como cabeças de tachinhas

Exércitos correndo através
De ruas de sangue
Brandindo garrafas de vinho
Baionetando e fodendo virgens

Ou um velho num quarto barato
Com uma fotografia de M. Monroe

Há tamanha solidão no mundo
Que você pode vê-la no movimento lento
Dos braços de um relógio

Pessoas tão cansadas
Mutiladas
Tanto pelo amor como pelo desamor

As pessoas não são boas umas com as outras
Cara a cara

Os ricos não são bons para os ricos
Os pobres não são bons para os pobres

Estamos com medo

Nosso sistema educacional nos diz que
Podemos ser todos
Grandes vencedores

Eles não nos contaram
A respeito das misérias
Ou dos suicídios

Ou do terror de uma pessoa
Sofrendo sozinha num lugar
Qualquer

Intocada
Incomunicável

Regando uma planta

As pessoas não são boas umas com as outras
As pessoas não são boas umas com as outras
As pessoas não são boas umas com as outras

Suponho que nunca serão
Não peço que sejam

Mas as vezes eu penso sobre isso
As contas dos rosários balançarão
As nuvens nublarão

E o assassino degolará a criança
Como se desse uma mordida
Numa casquina de sorvete

Demais
Tão pouco

Tão gordo
Tão magro
O ninguém

Mais odiosos que amantes

As pessoas não são boas umas com as outras
Talvez se elas fossem
Nossas mortes não seriam tão tristes

Em quanto isso eu olho para as jovens mulheres
Talos
Flores do acaso

Tem que haver um caminho

Com certeza deve haver um caminho
Sobre o qual ainda não pensamos

Quem colocou este cérebro dentro de mim?

Ele chora
Ele demanda
Ele diz que há uma chance

Ele não dirá
“Não”

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