...sonhar com a índia… Mas que sonho estranho!... No sonho entro num enorme templo sem viva alma. Imensas velas estão acesas há incenso por todos os lados sinto-me pequeno com a grandiosidade das estatuas e, no meio do altar mor deparo com Schiva que com os seus inúmeros braços tenta sufocar várias pessoas entre elas Roberto que a deusa tem agarrado no pescoço. Com força pede-me por socorro. Tento em vão liberta-lo com as artimanhas possíveis mas sou rechaçado pela estátua de pedra gigante incrivelmente móvel que de repente entra em dialogo comigo: - Tu… mortal! Vieste salvar o teu amigo da morte… o que é que ele veio procurar aqui na índia?... Não há índias neste Mundo que poderá livrar-vos da morte… nem tu nem o teu amigo nem ninguém… ahahahaaahah!!! Pobre mortal! – Sem me deixar impressionar pelas palavras da deusa respondo: Não vim aqui para salvar Roberto oh deusa de pedra!... Você estás tentando impressionar-me com as suas palavras mas eu António Pereira sei que estou sonhando e… vou-me acordar agora mesmo deste sonho… vai-te lixar Schiva de merda porque a morte a mim não me mete medo! … – Acordo do estúpido sonho desato-me a rir baixinho digo para os meus botões: Porra do Roberto!... Enviaste-me um texto louco e queres que eu partilhe as tuas loucuras nos meus sonhos?... Va caggare na América Roberto!... Continuarei a leitura do teu texto amanhã mas agora vou é dormir em paz!…
Dormi de novo que nem uma pedra. Sem deuses e deusas indianos nos meus sonhos nem a puta que os pariu!
As sete da matina sem despertador como é habitual acordo fresco que nem um cravo banhado em gotas de orvalho matinal. Virgínia está na cozinha preparando as tarefas domésticas do dia a dia o menino todavia dorme. Um cheiro a café do Fogo invade a casa vou para a cozinha beber uma chávena do saboroso líquido aproveito para trocar algumas palavras com Virgínia. Conto-lhe do meu cómico sonho desatamos os dois a rir. Uma chaleira com água a ferver apita Virgínia apaga o lume de seguida logo quebra uns quantos ovos numa tigela onde adiciona sal cebola pimenta salsa e cominhos... ruidosamente mexe tudo com um garfo durante segundos logo atira tudo para uma frigideira com óleo de soja que posteriormente havia posto numa das bocas do fogão a aquecer. O cheiro a óleo não me agrada, retiro-me para o atelier com o pensamento virado para os textos malucos de Roberto Hauser Soares. Abrindo a porta do atelier tenho uma agradável surpresa. Uns raios de Sol que atravessam as persianas da enorme janela que dá para a rua Conakry desenham no meu corpo belas manchas de luz… me vem em mente os retratos dos calendários religiosos kitsch que os chineses vendem nas suas lojas malcheirosas… Os cabrões até a mãe que os pariu vendem… Cabo Verde já entrou na era do Plastic Fantastic!… Sacudindo os chineses dos meus pensamentos vou para junto da enorme janela em alumínio levanto as persianas tipo anos cinquenta dos filmes americanos puxo os fios de seda uma luz forte e plena evade o espaço sinto que o dia vai começar de forma agradável e criativa com a leitura dos textos do maluco Roberto Hauser Soares.
Tirando o peso que deixei em cima dos papéis ontem para não voarem separo os lidos dos não lidos coço o nariz afasto uma asquerosa mosca e, com a outra mão desocupada dou-lhe um tapa ela cai na vidraça da janela onde fica fazendo um zumbido que começa a irrita-me. Poiso de novo os papeis na mesa vou a janela abro a vidraça enxoto o insecto que sai voando para a rua. Vai mosca nojenta!... Ufffff!... Agarro de novo as folhas… começo:
-: Esvaziei todas as garrafas de alcool que a indiana Prity foi comprar… lembro vagamente que ela tirou-me a roupa ficamos nu tentamos foder... em vão! Com tanta bebida a piça não subiu… Porra!... nem com a grua com que construíram o Empire State Bulding seria possivel!… Bêbado perdi de novo os sentidos e apaguei-me nas brumas do tempo… QUE TRAGÉDIA!!!!!!! Ao despertar deparo com a Prity degolada no pescoço a cama toda ensanguentada. Berro de medo agarro num restinho de conhaque que sobejou numa garrafa mando o liquido pela goela abaixo… Chorando convulsivamente oiço passos subindo… quatro homens vestidos de branco e com mascaras entram pelo quarto adentro. Tento lutar mas eles são infinitamente mais fortes conseguem mobilizar-me com um colete-de-forças. Pobre de mim! Esta é a minha tragédia meus amigos! Eis-me aqui neste calabouço terrível onde escuto todos os dias os gritos dos prisioneiros. Quando grito que sou inocente que não matei aquela mulher eles injectam-me uma droga que me faz perder a realidade das coisas… Mas juro-vos que vou fugir daqui. Irei para Benares!... Varanasi… a procura da paz… Tenho um plano infalível. Sei que irá dar certo…
- Hei! Hei!… a porca torceu o rabo!…o gajo está lixado!... Já nada bate certo nesta história. O gajo diz que a mulher foi degolada assassinada que ele está inocente e foram quatro os homens vestidos de branco e com mascaras que o prenderam e levaram-lhe para um calabouço acusado de homicídio?... Enlouqueceu de vez!... Pobre Roberto Hauser Soares!... Pobre amigo!... Mas para o que der e vier vou ter que continuar esta leitura tentar desvendar o que verdadeiramente se passa com Roberto… Agarro mais uma folha a4 uma forma de melancolica tristeza atravessa o meu peito tenho o ímpeto de querer desistir mas há algo mais forte na minha cabeça que me aconselha a não parar a leitura... Prossigo:
-: Finalmente consegui sair do inferno. O embaixador da Suíça na Índia Dr. Franz Aberli ao saber da minha condenação mexeu alguns cordelinhos fui transportado para uma nova célula onde estou sendo tratado humanamente. Os gritos dos outros prisioneiros são todavia audíveis mas já não me incomodam como anteriormente. Aqui sou tratado com gentileza mas as injecções segundo o Dr. Aberli são necessárias porque o choque foi grande quando eu soube que a mulher estava morta... Da minha célula vejo as vezes a lua as estrelas mas há algo de estranho bem estranho em tudo isso! Onde estou realmente?... As luzes estão sempre acesas tenho a impressão que lá fora faz frio?... Quando a tragédia aconteceu eu estava em Calcutá lugar quente… Mas por Deus, onde estou agora? No norte da índia? Nos Himalaias?... Será que me transferiram para uma outra prisão?...
- Mas que grande trapalhada! Já não entendo nada!… Himalaias Norte da índia… Bolas!...Fazendo uma pausa bebo água da boca de uma garrafa de água Trindade continuo a leitura…
-: … Logo que for absolvido irei a Benares banhar-me no Ganges… é o meu sonho… Hei de purificar de todos estes demónios que rodeiam a minha vida. Juro!!!!!!... Ali hei de morrer longe das ilusões materiais deste mundo…
Mas demónios!... Os dias vão passando não sei quando é que estes gajos irão libertar-me!... O doutor Aberli faz-me pensar que está tratando da minha libertação mas começo a duvidar das suas palavras vãs. Na primeira oportunidade vou-me bazar daqui! Já tenho o plano bem estudado… Aquele guarda negligente que deixa a porta da minha célula aberta é a minha esperança para fugir daqui. Sinto-me exausto nervoso sei que vou ter mais uma crise. Estou com medo… Vou gritar! …
Dormi de novo que nem uma pedra. Sem deuses e deusas indianos nos meus sonhos nem a puta que os pariu!
As sete da matina sem despertador como é habitual acordo fresco que nem um cravo banhado em gotas de orvalho matinal. Virgínia está na cozinha preparando as tarefas domésticas do dia a dia o menino todavia dorme. Um cheiro a café do Fogo invade a casa vou para a cozinha beber uma chávena do saboroso líquido aproveito para trocar algumas palavras com Virgínia. Conto-lhe do meu cómico sonho desatamos os dois a rir. Uma chaleira com água a ferver apita Virgínia apaga o lume de seguida logo quebra uns quantos ovos numa tigela onde adiciona sal cebola pimenta salsa e cominhos... ruidosamente mexe tudo com um garfo durante segundos logo atira tudo para uma frigideira com óleo de soja que posteriormente havia posto numa das bocas do fogão a aquecer. O cheiro a óleo não me agrada, retiro-me para o atelier com o pensamento virado para os textos malucos de Roberto Hauser Soares. Abrindo a porta do atelier tenho uma agradável surpresa. Uns raios de Sol que atravessam as persianas da enorme janela que dá para a rua Conakry desenham no meu corpo belas manchas de luz… me vem em mente os retratos dos calendários religiosos kitsch que os chineses vendem nas suas lojas malcheirosas… Os cabrões até a mãe que os pariu vendem… Cabo Verde já entrou na era do Plastic Fantastic!… Sacudindo os chineses dos meus pensamentos vou para junto da enorme janela em alumínio levanto as persianas tipo anos cinquenta dos filmes americanos puxo os fios de seda uma luz forte e plena evade o espaço sinto que o dia vai começar de forma agradável e criativa com a leitura dos textos do maluco Roberto Hauser Soares.
Tirando o peso que deixei em cima dos papéis ontem para não voarem separo os lidos dos não lidos coço o nariz afasto uma asquerosa mosca e, com a outra mão desocupada dou-lhe um tapa ela cai na vidraça da janela onde fica fazendo um zumbido que começa a irrita-me. Poiso de novo os papeis na mesa vou a janela abro a vidraça enxoto o insecto que sai voando para a rua. Vai mosca nojenta!... Ufffff!... Agarro de novo as folhas… começo:
-: Esvaziei todas as garrafas de alcool que a indiana Prity foi comprar… lembro vagamente que ela tirou-me a roupa ficamos nu tentamos foder... em vão! Com tanta bebida a piça não subiu… Porra!... nem com a grua com que construíram o Empire State Bulding seria possivel!… Bêbado perdi de novo os sentidos e apaguei-me nas brumas do tempo… QUE TRAGÉDIA!!!!!!! Ao despertar deparo com a Prity degolada no pescoço a cama toda ensanguentada. Berro de medo agarro num restinho de conhaque que sobejou numa garrafa mando o liquido pela goela abaixo… Chorando convulsivamente oiço passos subindo… quatro homens vestidos de branco e com mascaras entram pelo quarto adentro. Tento lutar mas eles são infinitamente mais fortes conseguem mobilizar-me com um colete-de-forças. Pobre de mim! Esta é a minha tragédia meus amigos! Eis-me aqui neste calabouço terrível onde escuto todos os dias os gritos dos prisioneiros. Quando grito que sou inocente que não matei aquela mulher eles injectam-me uma droga que me faz perder a realidade das coisas… Mas juro-vos que vou fugir daqui. Irei para Benares!... Varanasi… a procura da paz… Tenho um plano infalível. Sei que irá dar certo…
- Hei! Hei!… a porca torceu o rabo!…o gajo está lixado!... Já nada bate certo nesta história. O gajo diz que a mulher foi degolada assassinada que ele está inocente e foram quatro os homens vestidos de branco e com mascaras que o prenderam e levaram-lhe para um calabouço acusado de homicídio?... Enlouqueceu de vez!... Pobre Roberto Hauser Soares!... Pobre amigo!... Mas para o que der e vier vou ter que continuar esta leitura tentar desvendar o que verdadeiramente se passa com Roberto… Agarro mais uma folha a4 uma forma de melancolica tristeza atravessa o meu peito tenho o ímpeto de querer desistir mas há algo mais forte na minha cabeça que me aconselha a não parar a leitura... Prossigo:
-: Finalmente consegui sair do inferno. O embaixador da Suíça na Índia Dr. Franz Aberli ao saber da minha condenação mexeu alguns cordelinhos fui transportado para uma nova célula onde estou sendo tratado humanamente. Os gritos dos outros prisioneiros são todavia audíveis mas já não me incomodam como anteriormente. Aqui sou tratado com gentileza mas as injecções segundo o Dr. Aberli são necessárias porque o choque foi grande quando eu soube que a mulher estava morta... Da minha célula vejo as vezes a lua as estrelas mas há algo de estranho bem estranho em tudo isso! Onde estou realmente?... As luzes estão sempre acesas tenho a impressão que lá fora faz frio?... Quando a tragédia aconteceu eu estava em Calcutá lugar quente… Mas por Deus, onde estou agora? No norte da índia? Nos Himalaias?... Será que me transferiram para uma outra prisão?...
- Mas que grande trapalhada! Já não entendo nada!… Himalaias Norte da índia… Bolas!...Fazendo uma pausa bebo água da boca de uma garrafa de água Trindade continuo a leitura…
-: … Logo que for absolvido irei a Benares banhar-me no Ganges… é o meu sonho… Hei de purificar de todos estes demónios que rodeiam a minha vida. Juro!!!!!!... Ali hei de morrer longe das ilusões materiais deste mundo…
Mas demónios!... Os dias vão passando não sei quando é que estes gajos irão libertar-me!... O doutor Aberli faz-me pensar que está tratando da minha libertação mas começo a duvidar das suas palavras vãs. Na primeira oportunidade vou-me bazar daqui! Já tenho o plano bem estudado… Aquele guarda negligente que deixa a porta da minha célula aberta é a minha esperança para fugir daqui. Sinto-me exausto nervoso sei que vou ter mais uma crise. Estou com medo… Vou gritar! …
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