
…Que lindo poema de amor! Vou envia-lo a minha amiga que tanto gosta de poesia e está bem longe na Escandinávia... São estes os meus pensamentos quando regresso da cozinha para o meu atelier…Sinto vozes na sala sei que é a minha mulher Virgínia e o nosso filho vendo televisão… Prefiro ficar aqui no meu atelier lendo as loucas escritas de Roberto Hauser Soares…
Enchendo o copo com vinho copo que fui enxaguar na pia do atelier… Para um bom apreciador é sacrilégio misturar um novo vinho num copo que já foi usado… Levo o copo para os lábios encho as bochechas e engulo... Porra!... Existe uma diferença abismal entre o anterior vinho e este… que se lixe!… Agarrando mais uma folha a4 recomeço a leitura…
- O calor dos trópicos começa a molestar os meus pulmões tenho dificuldade em respirar este denso ar.... Agarrado a mulher pela primeira vez olho nos seus olhos deparo com uma cara cansada que já foi bonita. Nos seus olhos negros de azeviche noto uma certa melancolia e, certamente um enigma por descobrir nas duas enormes bolas negras entre o seu nariz aquilino perfurado com um brinco de ouro maciço. – Fica longe o Hotel? - No Syr estamos quase a chegar. Dobrando mais uma das incontáveis esquinas fedorentas de terra batida um mendigo tenta abordar-me com as mãos estendida pedindo esmola autoritariamente ela repele o homem e continuamos o nosso caminhando lentamente. Vejo mais vacas comendo papel e, como se fosse algo premeditado os bichos param de ruminar olham para nós de forma quase humana ao nos ver passar dá-me ganas de rir da surrealista imagem tento esboçar um sorriso... de repente uma furiosa dor no fígado ataca solto com rapidez a minha mão do braço da mulher vou até uma parede onde descargo toda a bílis que vem do meu doloroso estômago. Tenho a sensação de ter mil alfinetes ali espetados. Abrindo as palmas das minhas mãos que estão tremendo encosto-as na parede que transe a fezes urina choca bosta de vaca e outros coisas indecifráveis… Vomito guinchando que nem um porco em agonia ela aproxima… Respirando com dificuldade e sem poder falar tento recompor a minha pessoa com um fio de dignidade que todavia me resta nesta minha triste figura de bêbado. Magicamente a doce mulher saca algures do seu Sary um pano de seda com ele começa a secar a minha testa encharcada com um desagradável suor que não para de cair. - Tank you. – Obrigado! – Agradeço com toda a gratidão deste mundo. Lembro-me de repente que ela tem que ter um nome como todos os seres humanos!... Meio embaraçado pergunto: Mas senhora!... Qual é a sua graça?... Seu nome? – Prity sir!... O hotel é já a seguir a esta rua… Ali você poderá descansar e, mais tarde se assim desejar faremos amor!… Não lhe cobro muito!... Coragem Syr!... Já falta pouco. Agarrado num dos ombros de Pryti adivinho o osso saliente da sua omoplata começamos a caminhar... eu cambaleando com as minhas pernas tremendo. Felizmente segundos depois chegamos ao hotel lugar estranho uma iluminação triste e eu suando… suando…. suando… Já não aguento!…
– Na recepção um tipo meio nu tem um enorme turbante enrolado na cabeça que faz com que a sua cabeça pareça a uma colossal couve-flor. Saúda-me no seu inglês com pronuncia estranha retribuo como muita dificuldade tamanha é a dor que sinto no estomago e no figado. Pede-me o meu passaporte para a inscrição saco o documento de capa vermelha e cruz branca que agarra e fica olhando com curiosidade.... Dá uma desfolhada rápida no documento e de seguida guarda-o numa gaveta. Prity impaciente fala com ele em Indi creio… O gajo resmungando estende-nos uma enorme chave dispara no seu inglês cómico: Rooooom numer 13…
Mais arrastando do que caminhando subimos por uma escada de madeira suja que range e, após uma eternidade chegamos a porta com o numero 13 feito de cobre já todo gasto. Prity mete a enorme chave na fechadura barulhenta abre a porta que range nos gonzos um cheiro a incenso de jasmim adocicado chega até as minhas narinas. Dá-me outra vez ganas de vomitar aguento o vómito com dificuldade entro a atrás dela num quarto claustro fóbico mas felizmente com um certo asseio. Na parede um enorme cartaz com a deusa Schiva… meu cansaço é astronómico não aguento atiro-me para cama... dormi profundamente…
O tempo passa acordo-me transpirado... Faz um calor infernal. Há uma ventoinha no tecto rodando freneticamente mas é inutil! … Assustado tento lembrar-me onde estou e, ao ver a mulher indiana dormindo serenamente ao meu lado lembro-me que estou em Caldutá na Índia. Sacudo-a de forma brusca acorda assustada peço-a suplicando que vá imediatamente comprar-me álcool… – Não importa a marca nem a qualidade!… Seja lá o que for! … - Sacando dinheiro do bolso da minha camisa machucada e empapada de suor e baba obediente Prity levanta do leito e com leveza ela dirige-se a um lavatório num canto onde saca água duma jarra para lavar o seu rosto negro. Momentos depois sai do quarto para comprar as minhas bebidas fico sozinho com os nervos a flor da pele … Engulindo quatro calmantes intantes depois durmo naufragado em pesadelos a noção do tempo é para mim uma eternidade e, quando Prity regressa ela acorda-me fico boquiaberto… Está bem posta veste um Sary vermelho... Numa das orelhas porta uma bela flor e nos seus braços agarra um enorme saco de papel de java repleta com várias garrafas. Raios! Nem parece a mulher que esteve comigo antes na cama. Está fresca que nem orvalho de uma primavera matinal...
Desculpem! Mas vou ter que parar de escrever para descansar. Sinto a cabeça as voltasssss e...
- Merda!... Roberto caiu de novo na paranóia!.. Está de novo delirando?... Como é possível ele escrever tão bem detalhado estas coisas na Índia. Coisas que diz viver ver e sentir e, de repente bum!... Não completa as frases, deixa as histórias a meio caminho… Nada disto faz sentido! Será que escreve tudo isso em estado de Delirius Tremen?... Estará drogando?... Vou-me deitar! Amanhã continuarei a leitura! Já li várias páginas. Já mudou de caneta para lápis de cor caneta de feltro vermelho lápis grafite. Caramba! Será uma brincadeira de mau gosto esta história? As folhas são sempre em A4. Que raio de loucura é esta?... Amanhã é um novo dia!... Vou por o meu filho na cama ver um pouco de televisão com a Virgínia. Raios te partem amigo louco! Por onde andarás oh meu amigo Roberto Hauser Soares!
-Na televisão o filme é “Um Eléctrico Chamado Desejo” com Marlon Brando grande pelicula realizado por Eli Kazan fantástico realizador mas que infelizmente borrou a pintura colaborando com MacCarty na tremenda caça as bruxas denunciando actores e gentes do mundo do cinema. De todas as formas não vou confundir arte com ideais políticos… O grande escritor Celine também acreditava em coisas horriveis… não foi o único… Há vários exemplos!... O japones Michima... Em Fim!
Enchendo o copo com vinho copo que fui enxaguar na pia do atelier… Para um bom apreciador é sacrilégio misturar um novo vinho num copo que já foi usado… Levo o copo para os lábios encho as bochechas e engulo... Porra!... Existe uma diferença abismal entre o anterior vinho e este… que se lixe!… Agarrando mais uma folha a4 recomeço a leitura…
- O calor dos trópicos começa a molestar os meus pulmões tenho dificuldade em respirar este denso ar.... Agarrado a mulher pela primeira vez olho nos seus olhos deparo com uma cara cansada que já foi bonita. Nos seus olhos negros de azeviche noto uma certa melancolia e, certamente um enigma por descobrir nas duas enormes bolas negras entre o seu nariz aquilino perfurado com um brinco de ouro maciço. – Fica longe o Hotel? - No Syr estamos quase a chegar. Dobrando mais uma das incontáveis esquinas fedorentas de terra batida um mendigo tenta abordar-me com as mãos estendida pedindo esmola autoritariamente ela repele o homem e continuamos o nosso caminhando lentamente. Vejo mais vacas comendo papel e, como se fosse algo premeditado os bichos param de ruminar olham para nós de forma quase humana ao nos ver passar dá-me ganas de rir da surrealista imagem tento esboçar um sorriso... de repente uma furiosa dor no fígado ataca solto com rapidez a minha mão do braço da mulher vou até uma parede onde descargo toda a bílis que vem do meu doloroso estômago. Tenho a sensação de ter mil alfinetes ali espetados. Abrindo as palmas das minhas mãos que estão tremendo encosto-as na parede que transe a fezes urina choca bosta de vaca e outros coisas indecifráveis… Vomito guinchando que nem um porco em agonia ela aproxima… Respirando com dificuldade e sem poder falar tento recompor a minha pessoa com um fio de dignidade que todavia me resta nesta minha triste figura de bêbado. Magicamente a doce mulher saca algures do seu Sary um pano de seda com ele começa a secar a minha testa encharcada com um desagradável suor que não para de cair. - Tank you. – Obrigado! – Agradeço com toda a gratidão deste mundo. Lembro-me de repente que ela tem que ter um nome como todos os seres humanos!... Meio embaraçado pergunto: Mas senhora!... Qual é a sua graça?... Seu nome? – Prity sir!... O hotel é já a seguir a esta rua… Ali você poderá descansar e, mais tarde se assim desejar faremos amor!… Não lhe cobro muito!... Coragem Syr!... Já falta pouco. Agarrado num dos ombros de Pryti adivinho o osso saliente da sua omoplata começamos a caminhar... eu cambaleando com as minhas pernas tremendo. Felizmente segundos depois chegamos ao hotel lugar estranho uma iluminação triste e eu suando… suando…. suando… Já não aguento!…
– Na recepção um tipo meio nu tem um enorme turbante enrolado na cabeça que faz com que a sua cabeça pareça a uma colossal couve-flor. Saúda-me no seu inglês com pronuncia estranha retribuo como muita dificuldade tamanha é a dor que sinto no estomago e no figado. Pede-me o meu passaporte para a inscrição saco o documento de capa vermelha e cruz branca que agarra e fica olhando com curiosidade.... Dá uma desfolhada rápida no documento e de seguida guarda-o numa gaveta. Prity impaciente fala com ele em Indi creio… O gajo resmungando estende-nos uma enorme chave dispara no seu inglês cómico: Rooooom numer 13…
Mais arrastando do que caminhando subimos por uma escada de madeira suja que range e, após uma eternidade chegamos a porta com o numero 13 feito de cobre já todo gasto. Prity mete a enorme chave na fechadura barulhenta abre a porta que range nos gonzos um cheiro a incenso de jasmim adocicado chega até as minhas narinas. Dá-me outra vez ganas de vomitar aguento o vómito com dificuldade entro a atrás dela num quarto claustro fóbico mas felizmente com um certo asseio. Na parede um enorme cartaz com a deusa Schiva… meu cansaço é astronómico não aguento atiro-me para cama... dormi profundamente…
O tempo passa acordo-me transpirado... Faz um calor infernal. Há uma ventoinha no tecto rodando freneticamente mas é inutil! … Assustado tento lembrar-me onde estou e, ao ver a mulher indiana dormindo serenamente ao meu lado lembro-me que estou em Caldutá na Índia. Sacudo-a de forma brusca acorda assustada peço-a suplicando que vá imediatamente comprar-me álcool… – Não importa a marca nem a qualidade!… Seja lá o que for! … - Sacando dinheiro do bolso da minha camisa machucada e empapada de suor e baba obediente Prity levanta do leito e com leveza ela dirige-se a um lavatório num canto onde saca água duma jarra para lavar o seu rosto negro. Momentos depois sai do quarto para comprar as minhas bebidas fico sozinho com os nervos a flor da pele … Engulindo quatro calmantes intantes depois durmo naufragado em pesadelos a noção do tempo é para mim uma eternidade e, quando Prity regressa ela acorda-me fico boquiaberto… Está bem posta veste um Sary vermelho... Numa das orelhas porta uma bela flor e nos seus braços agarra um enorme saco de papel de java repleta com várias garrafas. Raios! Nem parece a mulher que esteve comigo antes na cama. Está fresca que nem orvalho de uma primavera matinal...
Desculpem! Mas vou ter que parar de escrever para descansar. Sinto a cabeça as voltasssss e...
- Merda!... Roberto caiu de novo na paranóia!.. Está de novo delirando?... Como é possível ele escrever tão bem detalhado estas coisas na Índia. Coisas que diz viver ver e sentir e, de repente bum!... Não completa as frases, deixa as histórias a meio caminho… Nada disto faz sentido! Será que escreve tudo isso em estado de Delirius Tremen?... Estará drogando?... Vou-me deitar! Amanhã continuarei a leitura! Já li várias páginas. Já mudou de caneta para lápis de cor caneta de feltro vermelho lápis grafite. Caramba! Será uma brincadeira de mau gosto esta história? As folhas são sempre em A4. Que raio de loucura é esta?... Amanhã é um novo dia!... Vou por o meu filho na cama ver um pouco de televisão com a Virgínia. Raios te partem amigo louco! Por onde andarás oh meu amigo Roberto Hauser Soares!
-Na televisão o filme é “Um Eléctrico Chamado Desejo” com Marlon Brando grande pelicula realizado por Eli Kazan fantástico realizador mas que infelizmente borrou a pintura colaborando com MacCarty na tremenda caça as bruxas denunciando actores e gentes do mundo do cinema. De todas as formas não vou confundir arte com ideais políticos… O grande escritor Celine também acreditava em coisas horriveis… não foi o único… Há vários exemplos!... O japones Michima... Em Fim!
O filme depois de hora e meia acaba levanto da cadeira de lona vou para a casa de banho lavar os dentes faço de seguida uma bela defecação lavo o traseiro lavo as mãos com sabão Sun Light e vou-me deitar ao lado da Virgínia que já ressona.
Custa-me dormir pensando na louca escrita de Roberto e, quando apanho sono começo a sonhar com a índia… Mas que sonho mais estranho!...
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