5 de fev. de 2010

OCTÁVIO PAZ




Em um poema leio: conversar é divino.


Porém os deuses não falam: fazem, desfazem mundos

enquanto falam os homens.


Os deuses, sem palavras, jogam jogos terríveis.


O espírito desce e desata as línguas porém não pronuncia palavras: diz fogo.


A linguagem, pelo deus incandescida, é uma profecia

de chamas e um colapso de sílabas calcinadas: cinzas sem sentido.


A palavra no homem é filha da morte.

Falamos porque somos mortais: as palavras não são signos, são anos.


Ao dizer o que dizemos nomes que dizemos dizem tempo: nos dizem, somos nomes do tempo.


Conversar é humano.




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